domingo, 5 de agosto de 2012

Coordenadoras em ação

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Como meço os resultados dos encontros de formação

As aprendizagens dos alunos me mostra quanto meus professores evoluíram

Em junho deste ano, ao avaliar com os professores as reuniões de ATPC do 1º semestre, incluí as seguintes perguntas:
- Considerando as reuniões de estudo desta escola a partir de 2009, pense em um conteúdo específico estudado que tenha ajudado você a melhorar/mudar suas aulas. Dê exemplos.
- Você acha que os alunos evoluíram, em alguma aprendizagem, depois de alguma formação que você recebeu em ATPC? Qual?
Ao fazer essas duas perguntas eu queria saber e ter registrado sobre o que cada professor tinha a dizer sobre isso. Além disso, poderia escrever com mais certeza e não ficar no “achismo”. E é o que descrevo abaixo.
Estratégias formativas transformaram a prática de alguns professores
Caso real: antes e depois da formação
Produção e Revisão de Texto
Os professores sempre trabalharam com a escrita e correção de textos produzidos pelos alunos, mas os critérios de correção, por exemplo, não eram tão claros como hoje. Ou seja, o que o aluno precisava escrever quanto ao tema, ao gênero, à organização do texto de forma lógica e produtiva e à norma culta. Não faziam a “revisão coletiva”, que é um momento importante para os alunos aprenderem a revisar seus próprios textos. Também não havia muita preocupação com a produção escrita de gêneros textuais diferentes.
Os estudos em ATPC, voltados para os gêneros textuais, para a metodologia a ser desenvolvida (antes, durante e depois) no ensino de produção de textos e a revisão dos mesmos, mudaram a prática dos docentes que coordeno.
Hoje, os professores têm clareza de que os alunos, ao produzirem textos, precisam saber “o que escrever”, “em que gênero escrever”, “para quem vão escrever” e “onde vai circular o texto produzido”. Também é necessário que isso seja ensinado a eles. Os professores têm clareza de que a revisão dos textos requer metodologia adequada, mas esse assunto é para um outro post.
Vocês acham que é fácil e rápido? Não é.  Essa formação foi e está em processo na Escola Maria Aparecida dos Santos Oliveira, mas tem dado muito resultado – os alunos, ao escrever, agora se preocupam em não fugir do tema proposto, em estruturar o texto com pontuação, em usar adequadamente a folha em que vão escrever e com palavras que podem usar como conectivos entre uma frase e outra.
Sabem por que os professores mudaram a prática? Porque conseguem enxergar a evolução dos alunos. Como? Por meio das sondagens, do diagnóstico das produções, seguindo critérios de correção, registrando em planilhas (iniciais e finais) os resultados e analisando. Os critérios que utilizamos, durante o ano, para avaliar a produção de textos são os utilizados pelo SARESP (veja aqui) e as planilhas foram orientação da Diretoria de Ensino. Aliás, ter critérios é muito importante e mais, o professor se sente seguro ao saber onde deve investir.
Eu também consigo verificar a evolução de cada aluno por meio dos portfólios das turmas que analiso a cada dois meses. Quando os alunos escrevem os textos que vão para o portfólio da classe, eles sabem que eu vou ler todos e comparar as produções de cada um. Tem um detalhe importante, eu sempre vou até a classe comentar sobre os textos deles e isso os motiva a escrever cada vez mais.
Como funciona na escola de vocês? De quanto em quanto tempo vocês avaliam a evolução dos alunos junto com sua equipe de professores?
Um beijo, Maria Inês


2º semestre, tempo de recomeçar e replanejar!

Durante o planejamento estou sempre presente e mostro que a equipe pode contar comigo
Depois de um merecido descanso, estamos com as forças renovadas! Sabemos que ainda temos todo um semestre pela frente, e que provavelmente ele será mais tranquilo – já conhecemos as turmas de alunos, as famílias e os colegas. A escola onde trabalho é exclusiva de Educação Infantil, ou seja, atendemos crianças que estão nas seguintes níveis: Infantil I (crianças de 3 a 4 anos), Infantil II (de 4 a 5 anos) e III (de 5 a 6 anos).
Seguimos o currículo conforme propõe o Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil. Trabalho há alguns anos nessa mesma escola, nesse tempo, consegui definir bem, junto com a minha equipe os projetos, sequências ou atividades permanentes que serão utilizadas em cada eixo e em cada Infantil. Sabemos que os planejamentos nunca estão prontos e acabados. Apesar de já estarem escritos, todo semestre são revisados, ou reformulados. Alguns precisam ser totalmente rechaçados porque não funcionaram, então, elaboramos outros.
Como funciona o planejamento do segundo semestre
Temos previsto no calendário da volta para o segundo semestre um dia inteiro, sem aulas, para fazer o de planejamento.  É um momento em que todos os professores precisam estar juntos para discutir e efetuar os planos do 2º semestre.  Como em sua maioria os planos são os mesmos do ano anterior, já tenho as anotações das avaliações efetuadas. Assim, mantemos o que foi bom e focamos os esforços no que precisa ser revisto.
As professoras se reúnem por nível e cada grupo fica em um espaço. Vou de passando de sala em sala durante o dia todo, ajudando, palpitando, tirando dúvidas, providenciando material que me solicitam (geralmente planos anteriores, livros e apostilas). Cada professora se responsabiliza em digitar 1 ou 2 planos e me enviar por e-mail, nesse dia ou no dia seguinte no máximo.  Ao recebê-los, leio atentamente cada planejamento e faço anotações para discutir com os professores. Nos encontros de formação (HTC), me reúno cada dia com um nível, então se estou com as professoras do infantil I as demais estão preparando atividades, separando os textos da pasta de leitura, etc.
Nessa reunião de revisão dos planos, entrego uma cópia para cada professor e vou com todas as minhas anotações do que precisa ser revisado.  Lemos o material juntos e, logo em seguida, faço minhas observações, procurando deixar muito claro o porquê estou questionando. Peço sempre a opinião deles também – se concordam, se têm sugestões de melhoria. Respeito muito a minha equipe, por isso, em hipótese alguma, risco a produção dos professores e peço que reescrevam. Fico junto com eles o tempo todo, ajudo a pensar na atividade, a melhorar a orientação didática, a encontrar outra solução – e eu acho que a postura de todos os coordenadores pedagógicos deveria ser essa. Deixo bem claro que minha equipe pode contar sempre comigo.
Para pedir as alterações, preciso conseguir mostrar com clareza para os professores as sugestões de como melhorar os projetos. Cada professor faz as alterações e me envia novamente para que eu imprima a versão final para todas.  Certamente conforme os encaminhamentos de cada grupo pode haver alterações e diferentes propostas nas salas. Esse processo inteiro dura cerca de duas exaustivas semanas, que precisam estar previstas na minha agenda!  Dá trabalho, mas vale a pena, pois asseguro a autoria do professor e ajudo na prática.
Como vocês fazem na escola de vocês?  Também precisam fazer malabarismos para reunir o maior número de professores, já que nem todos fazem HTC?
Um beijo, Leninha

Como eu preparo as pautas de formação dos professores

Fazer uma pauta detalhada ajuda a aproveitar melhor o tempo das reuniões de formação
Preparar uma pauta de ATPC não é nada fácil! Eu acho tão complicado quanto preparar uma aula – exige tempo, estudo e dedicação. Me esforço muito para deixá-las o mais completa possível, para que ela seja um roteiro mesmo do que será trabalhado com os professores. Dessa forma, chego para as reuniões sabendo exatamente o que nós vamos fazer – do início até o fim.
Para definir o conteúdo que será discutido, levanto os temas por meio dos instrumentos que utilizo para acompanhar as aprendizagens dos alunos (portfólios, simulados e observação de aulas) e assim, verifico o que precisa ser trabalhado com os professores. As orientações que recebo na Diretoria de Ensino também ajudam na minha formação e são essenciais na formação dos professores.
O passo a passo do preparo das reuniões
Antes da reunião:
1º. Planejo o que pretendo trabalhar na reunião em termos de conteúdos, temas ou assuntos; materiais que serão utilizados; a leitura a ser feita aos professores e a frase que gosto de colocar na pauta.
2º. Vou para o computador e digito a pauta que tem uma estrutura:
- Nome da escola.
- Cabeçalho.
- Objetivos da reunião que, aliás, escrevo de forma simples, clara e objetiva.
- Conteúdos que serão trabalhados.
- Atividades que na sequência vão desencadear as discussões, os estudos, isto é, um encaminhamento metodológico da reunião, do início até o fechamento da mesma.
- Uma frase finaliza a pauta.
3º. Providencio para todos os professores: cópia da pauta, xerox de textos, ou seja, os materiais necessários para a reunião.
4º. Imprimo a lista de presença, que é muito importante.
Para fazer tudo isso, demoro em média três a quatro horas e, de uma reunião para outra, já fico planejando mentalmente o que fazer na próxima. É uma loucura!
Disponibilizo aqui dois modelos de pauta que fiz para a escola onde trabalho: uma sobre revisão de texto e outra sobre como trabalhar notícias de jornais em aula.
Durante a reunião:
Inicio todas as reuniões com uma leitura de texto literário para os professores.
Na sequência, entrego a pauta da reunião e faço a leitura da mesma. Também entrego ao professor responsável pelo registro da reunião uma pauta que possui no verso um espaço para os registros. Eu arquivo esses registros e os encaderno ao final de cada semestre.
Então, damos início às atividades planejadas e encerramos com comentários do que foi discutido e com propostas para as próximas reuniões. Ao final de cada semestre, os professores avaliam as reuniões de ATPC, que me proporciona redirecionar as mesmas.
Não acho tão simples organizar uma reunião de formação, principalmente, porque também tenho que me preparar para os assuntos ou temas que serão tratados. Ou seja, tenho que, literalmente, estudar e pesquisar antes de apresentá-los.
Depois da reunião:
Organizo a pauta e materiais estudados num portfólio com as reuniões de ATPC.
E vocês como organizam as pautas de formação?

Um exemplo prático de acompanhamento de aprendizagem


Na semana passada, falei sobre meu jeito de acompanhar a aprendizagem dos alunos da escola que coordeno. Fiquei devendo um exemplo concreto. Aí vai ele!
Durante uma reunião de acompanhamento com uma professora do Infantil II (4 e 5anos), com 25 alunos, identificamos pelo menos 8 crianças que precisam de uma intervenção mais específica:
- 5 crianças não escrevem o nome (uma não consegue nem identificá-lo);
- 4 não recitam a série numérica e/ou não fazem contagem termo a termo;
- 3 têm desafios a superar na oralidade, como a fala infantilizada, utilizando termos como “eu quelo”, “dá pu João” ao invés de “me dá”. Outro não fala nada no grupo, somente com a professora e com um repertório muito restrito de palavras;
Algumas crianças apresentam dois ou três destes itens. Juntas, eu e a professora listamos as atividades que podem ser efetuadas em grupo, tanto agrupando-os entre eles como com os que já dominaram o conteúdo em questão e podem ajudá-los, e as que precisam de intervenções pontuais e individuais.
Por exemplo: se a questão é identificar e escrever o nome, sugiro que o professor faça um trabalho mais pontual solicitando que a criança encontre o seu nome entre dois. O educador também pode fornecer letras móveis para que sobreponha-as no cartão de chamada, depois para montar ao lado do cartão, utilizar o cartão para copiar e assim por diante.
Se a questão é contagem termo a termo, primeiro investimos na recitação da série numérica (sempre de forma lúdica) e depois nos jogos de preenchimento (1 dado, 1 tabuleiro e tampinhas para marcar), só que será jogado com o professor para que este possa ajudá-lo a estabelecer a correspondência entre apontar um objeto e nomear com um número.
O bacana é que só de compartilhar mais detalhadamente comigo o professor já passa a dar uma atenção diferenciada para a criança e muitas delas superam as dificuldades.  Toda essa conversa fica entre mim e o professor, não envolvemos a família, pois as questões são de aprendizagem e/ou interação na escola. Então, resolvemos na escola.  Compartilhar com os pais, só quando esgotamos todas as alternativas e, mesmo assim, a criança não consegue aprender.
Ah! Importantíssimo: eu registro os encaminhamentos combinados com o professor para avaliar os avanços na próxima vez que sentarmos. É assim também na sua escola? Compartilhe comigo suas experiências!
Um beijo, Leninha.

Como lidar com as reclamações feitas pelos pais dos alunos

Ouço sempre o que os meus professores pensam sobre as reclamações dos pais.
Quando o assunto é receber os pais dos alunos na escola, acredito que algumas questões sempre ficam na cabeça do coordenador pedagógico – o que fazer com as reclamações vindas dos pais sobre o corpo docente da escola? Como encaminhar as críticas? De que forma falar com os professores para que eles não se sintam desmotivados? Não é fácil!
Sempre oriento meus professores para que, na primeira reunião de pais do ano, contem para eles como desenvolvem seus trabalhos. Por exemplo: como organizam os materiais dos alunos, como planejam e corrigem as tarefas, sistemáticas de entrada e saída de alunos, saídas durante as aulas, leituras que devem ser feitas em casa, enfim, esclarecimentos de como vão agir com os alunos com relação à disciplina e ao processo ensino–aprendizagem.
É bastante comum que os pais, principalmente os que faltam na primeira reunião do ano, procurem a direção e a coordenação da escola para declarar insatisfação com relação aos professores. Aliás, sabem o que faço? Sempre que um pai comparece para reclamar, recorro às listas de presenças dos pais às reuniões, pois me ajuda a reconhecer se o pai é participativo ou se só comparece para reclamar. As reclamações mais comuns são: professores que atrasam a saída dos alunos, que não corrigem tarefa, que não deixam ir ao banheiro e que gritam com os alunos.
O que fazer com as reclamações
Eu e a diretora temos um combinado e sempre que há alguma reclamação, trabalhamos juntas. Como? Ouvimos a reclamação dos pais, registramos e pedimos um tempo para conversarmos com o professor que está em discussão. Então, chamamos o professor para conversar, damos ciência da reclamação e também registramos seus argumentos. Na sequência os pais são contatados, por telefone, para comparecer à escola e assim, damos o retorno, sempre no sentido de esclarecer, orientar e solucionar os problemas. Às vezes, após a conversa com os pais, chamamos o professor para que os últimos esclarecimentos sejam feitos.
Pais gostam de ser ouvidos e, mesmo que suas reclamações sejam exageradas, saem satisfeitos pelo fato de terem “voz” na escola. Professores são profissionais passíveis de erros, mas que não devem ser expostos. Assim, buscamos resolver o problema, com ética e profissionalismo. Isso tem sido bastante produtivo. Afinal, não há como tomar providências sem ouvir as partes envolvidas, e o diálogo tem sido um aliado. Aliás, o que fazer se não acreditarmos nele?
Como funciona na escola de vocês? Vocês já tiveram algum problema muito grave com pais? Como encaminharam as queixas?
Separei alguns links de reportagens de Gestão Escolar que podem ajudar:
O relacionamento entre pais e escola
Como atrair os pais para a escola
10 passos para se sair bem na primeira reunião de pais
Um beijo, Maria Inês.


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Como acompanho a aprendizagem dos alunos


Não é segredo que todos nós, coordenadores, temos de acompanhar de perto se os alunos estão aprendendo. Não é fácil, e os impedimentos são de diversas naturezas: falta tempo, alguns professores não têm muitos registros, professores que trabalham em duas escolas. Mas essas coisas não podem servir de desculpa para que a gente não faça esse trabalho. Por isso, pelo menos a cada dois meses (e é um malabarismo conseguir um horário dentro da carga horária do professor!), acredito que o coordenador pedagógico deve se reunir individualmente com cada professor para conversar sobre cada aluno.
Na minha opinião, o coordenador precisa ir munido da pasta de matriculas, para visualizar cada criança, e de do caderno de registro (onde já deixei algumas folhas para cada professor). Se a turma é composta por crianças que já frequentavam a mesma escola no ano anterior, é legal levar o caderno do ano que passou. Com ele em mãos, você consegue consultar  as anotações das conversas com as professoras dos anos passados – elogiando as mudanças e relembrando os problemas que ainda acontecem.
Do lado do professor, peço para que cada um traga suas pautas de observação dos diferentes eixos de aprendizagens: atividades de escrita, de registro de quantidades ou de cálculo, conforme o nível, e ainda seus registros. Aqui, deixo disponível para vocês alguns modelos de pauta de observação:
- Escrita do nome infantil
- Natureza e Sociedade
-Identidade e Autonomia
Como funciona a conversa
Acompanhando as fichas de matriculas, assim é possível identificar cada rostinho, é hora de conversar sobre cada criança: se os pequenos estão participando ativamente das situações didáticas elaboradas para cada eixo e se está havendo avanço nas suas aprendizagens. Geralmente o professor já sabe se a criança tem alguma dificuldade, ou ao contrário está até mais avançado que a turma. Para termos dados mais precisos, o docente consulta seus próprios registros, atividades da criança e muitas vezes, juntos, coordenador e docente analisam o material para entender o que estaria acontecendo com determinada criança.  Depois, é recomendado  dedicar um pouco mais de tempo a aqueles que estão precisando de mais cuidado.  Nestes casos, é recomendado analisar dois aspectos:
1-     O que a criança já sabe: tanto nos diferentes eixos como sua interação com os colegas e professor, no parque entre outros. Neste momento, conto muito com a observação atenta dos professores.
2-     O que a criança precisa aprender: por meio da análise dos saberes dos pequenos e das expectativas de aprendizagem para o nível em que estão. – o cruzamento desses dados nos permite elencar de onde o professor vai partir e para onde deve chegar.
Na semana que vem, conto para vocês um exemplo prático de acompanhamento. Enquanto isso, me digam: como você fazem esse trabalho em suas escolas?
Um beijo,
Leninha.

Uma boa relação entre coordenação pedagógica e diretoria é fundamental

Eu e minha diretora Cleuza Maria: parceria para melhorar a aprendizagem dos alunos
Na EE Profª Maria Aparecida dos Santos Oliveira, em Ibitinga (SP), eu e a minha diretora, a Cleuza Maria Estronioli de Castro, formamos a equipe gestora da escola. Enquanto grupo, acredito que nós duas devemos trabalhar para alcançar os mesmos objetivos, isto é, o desenvolvimento do processo ensino e aprendizagem. Minha função é atuar na formação dos professores e a partir da observação dos que os alunos estão aprendendo. Ela deve zelar pelo bem de toda a escola e garantir que as crianças aprendam.
Apesar de possuirmos objetivos comuns, temos funções específicas – enquanto o diretor proporciona condições de trabalho ao coordenador, este se responsabiliza pelo aspecto pedagógico da escola. A clareza da função do coordenador é muito importante, não só para o diretor, mas por todos da escola. Vocês acham impossível? Não é. Vou contar como é minha relação com a diretora da escola em que trabalho.
O que cabe a quem
Tenho autonomia para desenvolver meus projetos e trabalhos, mas, embora eu tenha essa autonomia, sempre peço opinião para a diretora da escola antes de desenvolver alguma ação. Também a deixo a par de tudo o que faço enquanto coordenadora. Analisamos, discutimos, discordamos, concordamos e juntas, tomamos as decisões necessárias – sempre visando a melhoria da aprendizagem dos alunos. Penso que mostrar de forma clara o que estou fazendo e recorrer a ela sempre que surge uma dúvida seja a melhor forma de mantê-la a par de tudo o que acontece na escola e me diz respeito. Ela também faz isso. Assim, não interferimos uma no trabalho uma da outra e cultivamos uma relação é bastante tranquila.
Tudo isso é possível graças à confiança que temos uma na outra. Nem eu nem ela estamos ali para ser uma fiscal do trabalho da outra, no sentido negativo da palavra. Por isso, atribuo grande parte das ações desenvolvidas dentro da instituição ao bom relacionamento que temos.
Essa boa relação é muito importante no trabalho, principalmente quando se pretende mudar a “cara da escola” e é o que todos nós queremos e trabalhamos para isso. Tem mais um detalhe, o diálogo tem sido constante nessa caminhada e as reuniões da equipe gestora também. São momentos que discutimos a escola e redirecionamos nossos trabalhos. Tem dado certo! A dinâmica dessas reuniões é assunto para um próximo post.
E vocês, conseguem um diálogo com seus diretores? A função de cada um é bem clara para vocês? Aproveitei e separei as reportagens que já saíram em Gestão Escolar sobre o assunto. Espero que ajude!
Diretor e coordenador: aliança pela qualidade
Vera Placco fala sobre a relação entre o coordenador pedagógico e o diretor
Como atua o trio gestor
Um beijo, Maria Inês


Um exemplo prático de tematização

Tematização da prática: espaço de debate e reflexão, sempre alicerçado pela teoria
Conforme eu havia prometido para vocês no post anterior, hoje vou explicar o passo a passo de uma reunião de tematização da prática, com foco na Educação Infantil. Na EI, as crianças estão adquirindo diversas competências comunicativas, então, a roda de conversa diária, se faz necessária. Disponibilizo para aqui vocês um documento com os objetivos e as orientações didáticas da roda de conversa.
Observando as salas de aula, me dei conta de que esse momento muitas vezes estava sendo usado pelo professor para dar sermão nas crianças, às vezes apenas para explicar uma atividade ou ainda para que a participação das crianças fosse apenas respondendo em coro aquilo que se espera delas: “Quem gosta de ir fazer pintura na parede de azulejo?” “Eu!!!”, “E pode pintar em cima do trabalho do amigo?”  “Não!” e assim por diante.
Outra situação comum era a coibição da fala dos pequenos que pareciam ‘fugir’ do assunto definido pelo professor.  Ora, se na vida real nós mudamos de assunto a todo momento porque as crianças não podem? Talvez porque nós ‘marcamos’ as nossas fugidas; “falando em lavar o carro lembrei que preciso ligar para minha irmã.” Fazemos isso o tempo todo porque uma palavra nos faz lembrar de algo e com as crianças não é diferente, apenas ainda não aprenderam a sinalizar que estão de fato se lembrando de outra coisa.
Tendo isso em vista pesquisei e estudei mais sobre o assunto, selecionei textos que fundamentassem teoricamente e combinei com uma professora que filmaria sua roda de conversa, é claro que a escolha não é aleatória, é sempre o melhor exemplo possível e ajudamos a planejar para ficar ainda melhor. A filmagem deve ter no máximo 15 minutos.
A tematização em si
Com a filmagem pronta, primeiramente assisti apenas com a professora que foi filmada, emrespeito e para que ela se visse primeiramente.  Assisti mais 3 vezes para elaborar 3 ou 4 questões que remetessem ao conteúdo que deveria ser evidenciado. Em 2 encontros de formação lemos o texto “A conversa na escola” (do livro Como dialogar com los ninõs, El lenguage infantil: Sus funciones de Joan Tough da editora El Ateneo), a escolha desse texto foi em função de ser um relato analítico de conversas em classes de infantil, e de cara interessou e instigou os professores.  É fundamental que estes estejam mobilizados para o conteúdo que será tematizado.
No encontro com os professores, escrevi as questões na lousa para que eles soubessem o que observar no vídeo, organizei o grupo em 3 duplas e 1 trio considerando seus saberes e interação.  A principal questão era ‘Que intervenções e em quais momentos a professora poderia ter efetuado para potencializar a participação oral das crianças?’ Cada grupo tinha que refletir a partir do vídeo e registrar sua resposta em 1 cartolina.  Fixamos as 4 cartolinas na lousa e líamos as respostas num processo de análise e dialética.  Escolhíamos a que estava mais completa e por vezes ainda acrescentávamos mais detalhes para ficar ainda mais esclarecedora.
Porque tem que ser em duplas ou trios primeiro? A aprendizagem se dá pela interação e negociação com o saber do outro e ter que escrever eu preciso me mobilizar cognitivamente para convencer ou explicitar para o outro.  Quando temos que selecionar qual seria a resposta mais adequada é preciso compreender o ponto de vista e os conteúdos focados pelo outro novamente num processo de debate e reflexão, sempre alicerçado pela teoria.
No encontro de formação seguinte lemos o texto “As Rodas de Conversa” (de Regina Scarpa) que explicita os diferentes tipos de roda que acontecem na escola e analisa um bom modelo onde professor e crianças realmente conversam como na vida social real.  Resultado? As rodas de conversa em sala de aula passaram a acontecer de fato!
E como andam as rodas de conversa na sua escola? Você tem feito observações nas salas de aula para saber se elas são feitas diariamente?


Como administro meu tempo na escola
Montar uma agenda semanal me ajuda a lembrar de todos os compromissos
Como é difícil administrar o nosso tempo na escola, não é mesmo? Por isso é que eu considero muito importante fazer um planejamento da rotina de trabalho – prevendo o que pode ser previsto e contando um tempo para imprevistos.
Hoje eu vou contar para vocês como eu faço para organizar o meu dia a dia na escola. Primeiro eu listo, numa planilha simples, todas as atividades correspondentes às minhas funções – que distribuo pelas quarenta horas de trabalho semanal. É claro que muitas “coisas” que acontecem no dia-a-dia fogem do nosso planejamento, mas é preciso não perder o foco nas atividades que dizem respeito à minha função de coordenadora.
Numa planilha semanal (clique aqui para baixá-la), eu coloco as atividades permanentes, que devem acontecer toda semana. Tudo o que eu faço além do planejado para o dia registro num segundo campo, o de “outras atividades realizadas”. Isso me ajuda a entender por que, algumas vezes, não cumpri a integralmente a agenda do dia. Enfim, ao final da semana consigo visualizar o que foi ou não trabalhado. Mensalmente, apresento à diretora da escola minhas rotinas, ela analisa e dá sugestões. Tudo isso é documentado e arquivado.
Além das atividades permanentes da semana, existem outras que são bimestrais na escola em que eu trabalho. Como, por exemplo, analisar os portfólios das classes. Quando vou dar a devolutiva aos professores, deixo um horário individual, de pelo menos cinquenta minutos, para conversarmos. Esses compromissos também precisam ser previstos no meu planejamento. Reuniões de pais e de conselho também devem ser incluídas aqui. Visualizar a semana toda numa única planilha me ajuda a conseguir retomar os objetivos propostos, pois às vezes parece que passa um furacão e aí paro e penso. “Epa”? “Volte ao foco do seu trabalho”, ou, “pera aí, onde é que eu estava mesmo”?
Colocar tudo no papel me ajuda a organizar a agenda, faz com que eu não me esqueça de nenhum compromisso (rotineiro ou sazonal) e permite que eu divida o meu tempo para todas as áreas que me dizem respeito. Acho que funciona muito bem. Vocês não acham? Aproveitem o espaço para compartilhar as experiências bem sucedidas de gestão do tempo que possuem.
Um beijo, Maria Inês

Tematização da prática, um caminho para incluir os novatos

A troca de experiências entre professores novatos e antigos ajuda muito na hora de rever a prática
Planejar a formação continuada é sempre um desafio, ainda mais quando a escola recebe muitos professores novos, não é mesmo? Não sei se algum de vocês já passou por uma situação parecida, mas aqui na minha escola este ano precisei me adaptar a uma nova realidade: mais da metade das minhas professoras foram para outras instituições, por diversos motivos. Daí surgiu a dúvida: dar continuidade ao percurso da Escola ou integrar os professores novatos nessa roda viva? Fiquei com as duas opções!
Como a escola que atuo faz parte de uma rede, uma coisa é certa: todas elas passaram pela formação em Artes Visuais com maior ou menor profundidade, conforme o tempo que está na rede, visto que nos anos anteriores a meta estabelecida na SME foi a de produzir trabalhos em artes visuais nas diferentes modalidades artísticas __desenho, pintura, modelagem, construção e colagem.
Considerando a configuração atual do meu grupo de professores (6 antigas e 7 novatas) elenquei a  meta “Potencializar o fazer pedagógico dos professores através da tematização  da prática nos diferentes eixos e momentos da rotina, considerando a gestão da classe, do tempo, do espaço e dos agrupamentos, face à didática de cada eixo”.
A escolha foi em função da necessidade de alinhar todo o grupo, tendo em vista que mais de 50% são novatos na escola. Filmar situações de sala de aula, fundamentar com texto teórico e depois registrar os principais aspectos que discutimos é muito formativo, o professor revê e alinha sua prática.
Acredito que tematizar boas práticas e fazer a sistematização do que foi aprendido é o cerne da formação continuada.  Por isso, assim que estudamos e discutimos a didática de determinado conteúdo, registramos o que aprendemos e como devem ser os encaminhamentos na prática de sala de aula.
Essa sistematização fica em uma pasta chamada de ‘Documento Norteador dos Processos Pedagógicos’. Como é feita essa sistematização? Prometo que conto tudinho logo mais, em breve, num post.
Por enquanto, eu queria saber de vocês: vocês já trabalharam com tematização da prática? Como foi: com exemplos externos ou da própria equipe? Os professores aceitaram bem ou foram resistentes a ter seu trabalho analisado pelos colegas e por você, coordenador ou coordenadora? Deixe sua opinião e debata comigo e com os internautas!

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