sexta-feira, 6 de abril de 2012

A física da fotografia

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Permita que os alunos vivenciem a experiência de construir uma câmera pinhole e mostre, por meio dela, os conceitos ópticos  envolvidos no ato de fotografar

Objetivos
- Entender a física por trás de uma máquina fotográfica.
- Estimular o poder de observação e despertar a visão critica nos diversos tipos de fotografias.
- Construir uma máquina pinhole.
Descrição da imagem

Conteúdo
- Óptica: propagação linear da luz, geometria óptica e câmara escura.
- Artes: a fotografia como arte e como forma de imortalizar um instante.

Tempo estimado
Quatro aulas

Materiais necessários
- Cópias da reportagem "Diretor de imagens", publicado em Veja (Ed. 2263, 4 de abril de 2012) para todos os alunos;
- Computador com datashow e acesso à Internet.
- Uma vela
- Uma caixa de sapato para cada grupo de alunos
- Um pedaço pequeno de papel alumínio
- Uma folha de papel vegetal
- Cartolina escura ou pedaços de papelão para envolver a caixa de sapato
- Tesoura, fita crepe, cola e um prego fino (pode ser um percevejo).

Introdução
Desde épocas remotas o homem tenta imortalizar momentos e suas ideias - seja em pinturas rupestres ou em pinceladas de óleo sobre tela. No entanto, antes da invenção da fotografia, tornar uma cena eterna levava tempo - e trabalhos, e, por isso, apenas grandes momentos eram registrados, baseados, principalmente, na forma como os artistas viam o mundo. Com o advento da fotografia, em 1896, o registro de um tempo adquiriu outros significados, que vêm sido remodelados de acordo com o tempo.

A chegada das câmeras digitais, por exemplo, proporcionou uma disseminação na quantidade de fotografias tiradas. De algum modo, a qualidade deixou de ser prioridade, enquanto a quantidade assombra os limites de armazenamento em todos os computadores do mundo. Mais incrível ainda são os sobreviventes dessa arte que com sua marca conseguem fazer fotografias diferenciadas e com conteúdo exclusivo, eternizando seu ponto de vista.


Desenvolvimento
1ª e 2ª aula
Abra a discussão sobre fotografia em classe, distribuindo para os alunos cópias da reportagem de Veja. Se for possível, use cópias coloridas, ou então, projete no telão com auxilio do datashow. Apresente a primeira imagem de uma mulher nua pendurada em um galho de árvore. Pergunte então à classe:

- Esta foto é semelhante às fotos que você costuma tirar ou ver publicada nas redes sociais?
- O que faz dela uma foto diferente das outras? As cores são as mesmas? E a luz? E o tipo de pose?
- O que se consegue imaginar a partir desta fotografia?

Explique a eles que, ao final das quatro aulas planejadas, será possível essa mesma foto de uma forma diferente. Saliente o nome do fotógrafo e mostre aos alunos que esta imagem já foi de alguma forma, consagrada, principalmente pelos meios de comunicação.

Passada a euforia da primeira impressão sobre a foto, comece então a falar sobre a física por trás das máquinas fotográficas. Pergunte para a classe se, por acaso, alguém sabe como este dispositivo de registro funciona? Nesse momento, então, acenda uma vela e pergunte se todos estão vendo sua chama.

Explique que, mesmo se estivéssemos em uma noite no estádio do Maracanã e só tivesse esta vela em meio ao estádio lotado, todos enxergariam sua chama se ela estivesse colocada no meio do campo.

Esse fenômeno é plenamente natural partindo do pressuposto dos incontáveis raios de luz que brotam do fogo que queima o pavio. Baseado neste conceito, fale para os alunos como o processo de visão a partir do globo ocular funciona.

Faça um esquema de uma câmara escura de orifício na lousa de acordo com a figura abaixo.

Caixa escura1

Mostre que há inúmeros raios partindo da vela, mas que, por uma questão de simplicidade usamos apenas os principais (os extremos) para montarmos a imagem formada. Como o orifício é pequeno, os raios partindo da vela tendem a se cruzar para atingir o fundo da caixa. A câmara escura é um esquema simplificado dos nossos globos oculares.

O fundo da caixa, onde a imagem se forma, seria o equivalente à retina em nossos olhos, cuja função é captar as ondas de luz e transformar em pulso nervoso para ser interpretada em nosso cérebro. Certamente alguém vai observar a figura e perguntar se nós enxergamos tudo de ponta cabeça. Responda que sim, pois os raios de cruzam para formar a imagem e que para uma melhor adaptação ao meio nosso cérebro endireita a imagem.

Então lance o desafio da montagem da câmara escura de orifício. Peça para que formem grupos de 4 alunos e que, coloquem sobre a mesa os materiais necessários. Primeiro solicite que vedem a caixa em todas as suas aberturas com a fita crepe. Faça com que fique inteiramente fechada, sem qualquer tipo de abertura. Nas faces de menor área, faça dois cortes conforme a ilustração abaixo:

Caixa escura1


Uma delas deverá ser cortada um quadrado pequeno com lado de no máximo dois dedos onde será colado o papel alumínio; enquanto a outra face deverá ser cortada com o máximo de área possível, deixando um a dois dedos do limite da caixa para colar o papel vegetal.

Cuidadosamente faça um pequeno furo no papel alumínio com o prego, deixando o orifício o mais redondo possível. Está pronta sua câmara escura.

Para ver seu funcionamento é preciso que haja pouca luz no ambiente, principalmente na parte de trás (parte do papel vegetal) e se for possível cobrir com abas ou toalha escura como nas máquinas antigas para que você só veja a luz da imagem formada sobre o papel. Mire então a parte do orifício para algo bem claro, pode ser uma lâmpada ou a tela do datashow ou mesmo a janela.
Caixa escura2

Caso o aluno não esteja enxergando muita coisa é porque a parte de trás ainda não está escura o suficiente. Para tanto pode colocar cartolina preta ou papelão em volta da caixa para fazer uma espécie de cabana e dessa forma ver melhor a imagem conforme a figura 3. Se ainda houver dúvidas na montagem, o vídeo no link a seguir mostra a construção passo a passo de uma câmara escura de forma semelhante: http://www.youtube.com/watch?v=S4wzF7xb8Cw&feature=related

Encerre esta parte da aula dizendo que para este aparato se tornar uma máquina fotográfica verdadeira (uma genuína pinhole), basta substituir o papel vegetal da parte de trás por um pedaço de filme fotográfico e tampar o orifício, abrindo-o somente quando for tirar uma foto.

Nota: esse procedimento é extremamente complexo, pois exige que a caixa seja perfeitamente isolada a qualquer tipo de luz a não ser aquela que viria com a abertura do orifício. Por esse motivo, nesse caso usamos latas de metal pintada de preto para eliminar suas faces reflexivas ao invés da caixa de sapato. Além disso, o pedaço de filme tem que ser colocado na região correta, pois todo esse esquema teria de ser feito no escuro. Caso disponha de tempo e paciência para erros e acertos, o vídeo do link a seguir mostra um jeito de montar uma máquina dessas em tamanho reduzido, mas ainda trabalhoso e com as mesmas garantias de fotos: http://www.youtube.com/watch?v=amOqmolX0iE

3ª e 4ª aulas
Retome os conceitos da aula anterior e reforce que todas as máquinas ainda hoje, mesmo as digitais, possuem uma câmara escura como base de formação de imagens. Com o auxilio do computador, do ponto de Internet e do datashow, mostre imagens relevantes (encontre várias imagens do dia ou olho mágico no link (http://noticias.uol.com.br/fotos). Então lance o desafio da fotografia.

Peça que os alunos tragam suas câmeras ou emprestem alguma da escola em sistema de revezamento. Diga que o contraste entre luzes e jogo de cores, podem produzir boas fotografias. Lembre a todos que o princípio da câmara escura de orifício aprendido ajuda a compreender a formação de imagens finais.

Estimule seus alunos a valorizarem enquadramentos e situações inusitadas, colocando na tela aquela que seria uma imagem inesquecível. Com autorização da diretoria, faça com que os alunos usem suas máquinas integradas aos seus diversos tipos de aparelhos e tirem fotos da própria escola inicialmente.

Estimule-os a olhar cada canto da escola em busca de um novo ângulo, uma nova visão, algo que só eles perceberam e pretendem passar para os colegas para eternizar aquele momento. Atente-se para a ética das fotografias. Discuta que todas as fotos tiradas partem do princípio do respeito mútuo de todos e que nenhuma forma de constrangimento é legal. Então antes do final da aula peça para que retornem a sala e, fora da escola, tirem uma foto livre. Diga na próxima aula haverá um mini concurso para eleger a mais bela foto tirada na escola e fora da escola.

Na aula seguinte (preferencialmente em outro dia) coloque todas as fotos dos alunos em um pendrive e apresente no datashow para sua classe. Caso isso não seja possível, peça para que eles mandem para seu e-mail. Assim poderá agilizar e até mesmo separar as fotos por grupos (pessoas, paisagens, animais,etc).

Essa forma de apresentação das fotos resultará em um efeito muito melhor que uma publicação nos sites de relacionamento. Seu mini concurso de fotos pode abranger a escola inteira, se tiver autorização, e ainda poderá promover uma mostra de imagens impressas selecionadas pelos próprios alunos. O maior ganho dessas quatro aulas será a compreensão desde a formação da imagem na câmera escura até a visão critica e mais apurada de cada clicada artística disparada pelos próprios alunos.
Para que a aula fique ainda mais interessante e encerre com a sensação de que valeu a pena todo o esforço, peça para alguns alunos contarem os motivos que os levaram a tirarem aquela foto.

Eis a magia a fotografia. Por mais que todos tenham acesso a micromáquinas em celulares e tocadores de músicas, leve os alunos a entenderem que ainda existem grandes artistas que veem o mundo de forma extraordinária e conseguem extrair de um simples ato uma imagem, um ponto de vista e um jogo de luz único. Poucos possuem tal sensibilidade e fazem assim fotografias incríveis!

Avaliação
Retome os objetivos propostos no plano de aula e verifique se a turma entendeu os conceitos de óptica existentes em uma máquina pinhole. Redistribua os recortes da reportagem da revista Veja e discuta se houve diferença entre a primeira vez que olharam a imagem e esta ultima. Por fim seu mini concurso de fotos valerá como ajuda na forma de avaliação.
Ilton Miyazato
Licenciado em Física pela Universidade de São Paulo, bacharel em Gestão Ambiental pela mesma instituição e professor do colégio São Francisco de Assis, em São Paulo.

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